quinta-feira, 24 de julho de 2008

Perfect Day - Ensaio no Parque da Luz - Pessoas




Just a perfect day,/ Drink Sangria in the park,/ And then later, when it gets dark,/ We go home./ Just a perfect day,/ Feed animals in the zoo/ Then later, a movie, too,/ And then home.// Oh it's such a perfect day,/ I'm glad I spent it with you./ Oh such a perfect day,/ You just keep me hanging on,/ You just keep me hanging on.// Just a perfect day,/ Problems all left alone,/ Weekenders on our own./ It's such fun./ Just a perfect day,/ You made me forget myself./ I thought I was someone else,/ Someone good.// Oh it's such a perfect day,/ I'm glad I spent it with you./ Oh such a perfect day,/ You just keep me hanging on,/ You just keep me hanging on.// You're going to reap just what you sow,/ You're going to reap just what you sow,/ You're going to reap just what you sow,/ You're going to reap just what you sow...
Lou Reed / Transformer (1972) / Perfect Day

Fotografia: RC

sábado, 19 de julho de 2008

céu sobre casas, 2007



Num sábado desses,
na Vila Mariana.
Alguns instantes depois
São Paulo estava
coberto por trevas.
Pentax K1000.
fotografia: RC

Ensaio para Karla

Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Abelha, Carneirinho...
Acabou Chorare, composição: Galvão - Moraes Moreira
O Nicolas nasceu no dia 11/07/08

fotografia: RC


sábado, 12 de julho de 2008

Ensaio para Raquel


O ser que eu espero não é real; assim como o seio da mãe para o bebê, eu o crio e recrio sem parar a partir da minha capacidade de amar, a partir da carência que tenho dele: o outro chega onde eu o espero, onde eu já o criei. E se ele não vem, alucino: a espera é um delírio.”
Winnicott, citado em Barthes, R., Fragmentos de um Discurso Amoroso.

O Raphael nasceu no dia 03/07/08.

fotografia: RC



segunda-feira, 7 de julho de 2008

um mundo pulso em meio aos carros


1 . Under Roosevelt's Square
2. Fim de tarde. Para alguns amigos, parece Win Wenders em Paris Texas. Para outros, apenas uma foto triste do trânsito de São Paulo.


Pentax K1000

Fotografia: RC



Esse ciclone de silêncio

Minha sombra conhece cada desvão dessa casa. O arranjo das paredes, das escadas, das árvores. Por aqui passaram as jóias da infância, meu pai, meus amigos perdidos para sempre. Nesses cômodos sopra o dragão adormecido dentro do peito. Pássaros, terra, plantas, minha sombra pode identificar todo itinerário das pessoas que passaram suas vidas neste demônio de garrafa. Mama em algum cantinho cozinhando, limpando, inventando o que fazer como se fosse uma tela pintada todos os dias pelo mesmo pintor. Vítima de tantos encontros, tantas dores esquecidas, cozinhando ou cosendo, dando asas ao seu irrefletido sonho de menina. O abismo dessa casa, ciclone de silêncio nos gestos banais, o mesmo espaço em outro tempo, a mesma arquitetura diante os mesmos olhos, o mesmo lugar, a mesma sombra velada, outras horas surgindo, o tempo devorando a linhagem em seu vórtice, o relógio solar a dissecar as imagens dos olhos; o mesmo lugar: cadeiras, paredes brancas e sombras, outras pegadas no fundo negro da história.
De "O espelho cotidiano" de Danilo Bueno
Fotografia: RC

Cartier-Bresson: o elogio do olhar, por Pedro Maciel


Qual a importância da fotografia na cultura contemporânea? A fotografia é um meio artístico capaz de revelar o inexprimível? Qual o mundo imagético é digno de duração? Hoje vemos a proliferação de imagens sem sentido. Imagens repetitivas que nascem com os mecanismos de simulação. A realidade se tornou hiperrealidade. Será que estas imagens conseguem mostrar o interior das pessoas, das coisas, das paisagens? A fotografia contemporânea se propõe a ser testemunha do inexprimível. Mas como dizer o indizível? Talvez seja impossível para uma arte de representação que nasceu da vontade de revelar as aparências. A arte é um sistema de signos e sua função consiste em buscar o significado das coisas; materializar o mundo. A arte não comporta as aparências.


A fotografia (imagem) é um elogio do olhar. Narra a arte da ilusão. Henri Cartier-Bresson, artesão da imagem, fundador de um estilo geométrico e humanista, ao capturar a imagem, repara o momento exato em que as pessoas ou coisas se mostram por inteiro, e nos faz ver algo que até então era desconhecido, ou que havíamos entrevisto com os olhos embaçados pela pura e simples realidade. Bresson, último mito da fotografia, diz que "o aparelho fotográfico é um caderno de croquis, instrumento da intuição e espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, questiona e decide ao mesmo tempo. Para revelar o mundo, é preciso sentir-se implicado no que se enquadra através do visor". Para ele somente duas coisas o interessam: o instante e a eternidade. Talvez o maior segredo da obra de Bresson seja a idéia de colocar no mesmo ponto de mira, a cabeça, o olho e o coração. Para Bresson a emoção é fundadora da razão. O fotógrafo fez de sua câmera Leica uma extensão do seu olho. Um olho que captou composições no breve intervalo do tempo e "apanhou a vida no laço", expressando a emoção e não a visualidade banal do sentimentalismo ou do sensacionalismo. Bresson vivia "tocaiando seres humanos como um caçador tocaia animais", escreveu John Berger. Nos seus instantâneos nota-se as regras básicas do fotógrafo: concentração, disciplina de espírito, sensibilidade e senso de geometria.


Bresson tem a noção exata do "momento decisivo" para capturar a imagem. No prefácio de seu ensaio sobre o momento decisivo, publicado em 1952, ele anota que "alguém entra repentinamente no seu campo de visão. Você começa a seguir essa pessoa através do visor da máquina. Você espera, espera, e finalmente aperta o disparador - e sai com a sensação (embora não saiba exatamente por quê) de que realmente pegou alguma coisa". O momento decisivo é uma fração de segundos em que os personagens em movimento adquirem um equilíbrio geométrico. Ele considera "a atenção e a antecipação do momento decisivo", o instante único quando a imagem pode ser roubada do tempo, como uma ocupação que o fotógrafo deve adquirir naturalmente, como a arte do arco-e-flecha de um mestre zen, que se transforma no alvo para poder atingi-lo.

Em Tête à Tête: Retratos de Henri Cartier-Bresson (Companhia das Letras), o fotógrafo apresenta uma coletânea de retratos e desenhos a lápis que exploram a paisagem variada do rosto humano. Ele não recorre a artifícios de composição, mas busca nos retratados os traços expressivos. Revela o silêncio dos retratados; amplia o humor desconcertante de Saul Steinberg com o gatinho, a face existencial de Giacometti e Beckett, a alegria contagiante de Che, a sombra infinita de Erza Pound, a solidão de Sartre em Paris. Bresson retrata a época em que viveu e, por isso, nos oferece uma profunda investigação da nossa permanência no mundo. Suas imagens, em estado de graça, dotadas de densidade e história, revelam as coisas vividas. Para ele, fotografar é olhar de verdade para o mundo. Sua arte é um tributo ao ser humano.


O fotógrafo aventureiro


Henri Cartier-Bresson, francês, nascido em 1908 (e morto neste ano) se autodenominava foto-jornalista. Mas poucas fotos de sua autoria tratavam de fatos jornalísticos, num sentido convencional. Fotografou mais entre a década de 30 e os anos 70. Estudou pintura com o cubista André Lhote. Em seguida estudou cinema nos EUA com Paul Strand e depois trabalhou como assistente de Jean Renoir, no filme "A Regra do Jogo". Bresson começa a fotografar em 1932, com fascínio tanto pelo Surrealismo - "sua ética mais que sua estética" - como pela ebulição política na França que acabou na Frente Popular contra o fascismo. "O aventureiro em mim sentiu-se obrigado a registrar com um instrumento mais rápido que um pincel as feridas do mundo". O fotógrafo foi preso em 1940 pelo exército alemão em Paris. Fugiu e continuou a fotografar a "resistência" para revistas como Life. No final da Segunda Guerra, fundou com Robert Capa, David Seymour-Chim e George Rodger a agência de fotografias Magnum e passou duas décadas seguintes em missão, testemunhando as revoluções que assolaram a China e a Índia. Suas fotos, tiradas com a lendária Leica 35mm, comentam os eventos e personagens mais singulares deste século. Em 1954 tornou-se o primeiro fotógrafo ocidental a entrar na União Soviética após a distensão promovida por Nikita Kruschev. Em 1966 desliga-se da agência Magnum e passa a dedicar-se exclusivamente ao desenho e à pintura. Bresson anotou em 1992 que "a fotografia é um impulso espontâneo de uma atenção visual perpétua, que captura o
instante e sua eternidade. Já o desenho elabora por sua grafologia o que nossa consciência captura desse instante. A foto é uma ação imediata; o desenho uma contemplação".


(Texto gentilmente cedido pelo autor para o site www.digestivocultural.com.br)
Sobre o autor : Pedro Maciel é autor do romance "A Hora dos Náufragos", Ed. Bertrand Brasil

Carta de Baudelaire a sua mãe

Minhas anotações sobre o início da fotografia, do excepcional poeta francês Charles Baudelaire.

Ensaio para Corpo sucessivo, de Danilo Bueno






1. em que a luz natural esvazia a sobra 2. mancha e partida, foto da capa do livro Corpo sucessivo, de Danilo Bueno, que será lançado dia 21 de julho, a partir das 19:30 - no Bar Balcão.
Fotografia: RC